LGPD na prática: o que empresas de pequeno e médio porte precisam fazer

published on 12 November 2025

Desde que entrou em vigor, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) mudou a forma como empresas lidam com informações pessoais no Brasil.

Mas, apesar da grande repercussão, muitos pequenos e médios empresários ainda veem o tema como algo distante — reservado a bancos, big techs ou grandes e-commerces.

Na prática, a LGPD se aplica a qualquer empresa que colete, armazene ou utilize dados de pessoas físicas, mesmo que em escala reduzida.

E isso inclui desde formulários de contato em sites até planilhas de clientes e listas de e-mails.

Implementar a LGPD não é apenas uma obrigação legal; é um investimento em credibilidade, segurança e sustentabilidade do negócio.

O que a LGPD realmente exige

A LGPD (Lei nº 13.709/2018) tem como objetivo proteger os direitos fundamentais de privacidade e liberdade.

Ela impõe regras claras sobre como os dados pessoais devem ser coletados, tratados, compartilhados e armazenados.

Para pequenas e médias empresas, isso se traduz basicamente em quatro pilares:

  1. Ter base legal para tratar dados – coletar informações apenas com consentimento ou por necessidade legítima (ex.: cumprimento de contrato ou obrigação legal).
  2. Ser transparente – informar de forma clara por que e como os dados são usados.
  3. Proteger essas informações – adotar medidas mínimas de segurança digital e física.
  4. Permitir controle ao titular – garantir que o cliente possa acessar, corrigir ou excluir seus dados quando quiser.

Por que pequenas empresas precisam se adequar

1. Risco de multas e sanções

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) pode aplicar multas de até 2% do faturamento, limitadas a R$ 50 milhões por infração.

Mas o maior risco, na prática, é o bloqueio do uso de dados até a correção da falha — o que pode paralisar o negócio.

Além disso, clientes e parceiros comerciais podem se recusar a firmar contratos com empresas que não demonstram conformidade.

Em setores como tecnologia, saúde, educação e finanças, o compliance de dados já virou pré-requisito comercial.

2. Reputação e confiança

Num mercado saturado, a confiança é o diferencial mais difícil de copiar. Uma empresa que respeita a privacidade do cliente e demonstra cuidado com informações sensíveis transmite profissionalismo e seriedade.

Do outro lado, um único incidente — um e-mail enviado indevidamente, uma planilha vazada — pode causar prejuízos de imagem incalculáveis. A adequação à LGPD é também uma forma de proteger a reputação construída ao longo de anos.

3. Concorrência leal

Implementar políticas de privacidade pode parecer um custo adicional, mas é, na verdade, uma forma de profissionalizar o negócio.

Empresas preparadas saem na frente quando fornecedores ou investidores passam a exigir comprovação de conformidade.

É um investimento que gera vantagem competitiva e abre novas oportunidades.

Boas práticas para adequação à LGPD

1. Mapeie os dados que você coleta

Antes de criar políticas, é preciso entender o que realmente se tem em mãos. Faça um inventário: onde os dados entram (site, WhatsApp, contratos), onde ficam armazenados, quem tem acesso e por quanto tempo permanecem lá.

Esse diagnóstico inicial é o coração do compliance. Sem ele, é impossível corrigir excessos, definir prioridades ou demonstrar conformidade.

2. Revise contratos e formulários

Verifique se os contratos com clientes, fornecedores e parceiros indicam claramente para que os dados são coletados e como serão utilizados. Nos formulários digitais, substitua frases genéricas por explicações diretas (“usaremos seu e-mail para enviar novidades sobre nossos serviços”).

Esses ajustes simples demonstram transparência e reduzem o risco de questionamentos futuros.

3. Crie uma política de privacidade simples

Não é necessário ter um documento cheio de juridiquês. O essencial é deixar claro quais dados são coletados, como são protegidos, por quanto tempo são guardados e como o titular pode solicitar exclusão.

Publicar essa política no site — de forma acessível e compreensível — já é um sinal de maturidade organizacional.

4. Restrinja acessos internos

Muitos vazamentos acontecem de dentro da própria empresa. Definir quem pode acessar o quê é uma das medidas mais eficazes para evitar incidentes. Implemente senhas individuais, registre acessos e defina responsáveis por cada conjunto de informações.

Se possível, adote softwares de gestão de dados com permissões hierarquizadas.

5. Invista em segurança digital

A LGPD não define exatamente quais medidas técnicas adotar, mas exige que sejam proporcionais ao porte da empresa. Isso significa que até um pequeno negócio pode (e deve) usar senhas fortes, autenticação em dois fatores, antivírus atualizado, criptografia básica e backups regulares.

Além disso, mantenha um protocolo simples para reagir a incidentes: identificar o problema, conter o dano e comunicar rapidamente os envolvidos.

6. Tenha um responsável (DPO)

Toda empresa precisa indicar um encarregado pelo tratamento de dados (DPO). Nas PMEs, ele pode ser um colaborador treinado, apoiado por assessoria jurídica. Sua função é responder dúvidas, receber solicitações de titulares e garantir o cumprimento da política de dados.

Ter esse papel definido demonstra seriedade e prepara a empresa para dialogar com autoridades ou parceiros de maior porte.

O papel do jurídico na adequação

O jurídico é quem transforma a LGPD de teoria em prática. Cabe ao advogado empresarial interpretar as exigências legais e adaptá-las à realidade de cada negócio, criando processos simples, mas eficazes.

Ele também ajuda a criar uma cultura de prevenção, revisando contratos, treinando equipes e orientando a tomada de decisões. Mais do que “cumprir a lei”, o jurídico serve como tradutor entre a norma e a operação, garantindo que a adequação não paralise o crescimento.

Conclusão

A LGPD não é um obstáculo, mas uma oportunidade para empresas se organizarem e conquistarem confiança. Negócios que tratam dados com responsabilidade constroem relações mais duradouras e evitam crises futuras.

Adequar-se à lei não exige grandes investimentos — exige consciência, método e acompanhamento jurídico inteligente.

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