Como revisar um contrato antes de assinar (guia simples)

published on 18 November 2025

Como revisar um contrato antes de assinar (guia simples)

Todo gestor já passou por isso: o contrato chega, o negócio precisa andar rápido e a vontade de assinar logo é grande.

Mas um detalhe esquecido, uma frase ambígua ou uma cláusula padrão que ninguém revisou podem gerar prejuízo meses depois.

Revisar um contrato não é sobre burocracia, e sim sobre controle.

É um momento de entender exatamente a relação que está sendo criada, o que se espera de cada lado e quais são os limites das obrigações.

Com um pouco de atenção — e método — é possível evitar conflitos que drenam tempo, dinheiro e energia.

Este guia traz uma leitura prática e acessível sobre os pontos que mais causam problemas e que todo gestor deveria conferir antes de assinar.

1. O objeto do contrato: clareza é tudo

Todo contrato parte de uma pergunta simples: o que está sendo contratado?

E, surpreendentemente, muitas disputas começam porque a resposta não estava clara.

O objeto precisa descrever não apenas o serviço ou produto, mas também como ele será entregue, em que formato, em que prazo e com qual nível de qualidade.

Se você está contratando um serviço de marketing, por exemplo, não basta dizer “gestão de redes sociais”.

É necessário especificar quantas publicações, qual a responsabilidade sobre criação, arte, impulsionamento e prazos de entrega.

Quando o contrato é vago, cada lado interpreta de um jeito — e isso, inevitavelmente, vira conflito.

2. Prazos, renovação e encerramento

Prazos mal definidos criam problemas silenciosos: cobranças indevidas, renovações não desejadas e dificuldades para encerrar a relação sem pagar multa.

Por isso, antes de assinar, verifique:

  • quando o contrato começa;
  • quando termina;
  • se renova automaticamente;
  • se há aviso prévio para saída.

A renovação automática, por exemplo, exige atenção: alguns contratos pedem aviso prévio de 30 dias, outros de 90.

É comum empresas descobrirem que não podem cancelar sem pagar multa porque não avisaram a tempo.

3. Preço, reajuste e forma de pagamento

As cláusulas financeiras são as que mais geram discussão — e quase sempre porque foram lidas superficialmente.

Questões essenciais:

  • qual é o valor exato?
  • existe taxa adicional escondida?
  • há política de reajuste anual?
  • o reajuste segue qual índice?
  • há multas por atraso?

Cláusulas como “reajuste conforme tabela interna” são perigosas porque permitem aumento unilateral.

Já propostas sem detalhamento podem esconder cobranças extras no futuro.

Em resumo: sempre procure critérios objetivos e transparentes.

4. Responsabilidades e limites de responsabilidade

Aqui está a parte mais sensível: quem paga o prejuízo se algo der errado?

Contratos bem redigidos deixam claro:

  • o que cada parte deve fazer;
  • o que cada parte não é obrigada a fazer;
  • até onde vai a responsabilidade;
  • quais danos estão excluídos.

Empresas de tecnologia, por exemplo, precisam definir limites de responsabilidade para evitar que uma falha de sistema gere indenizações desproporcionais.

Limites razoáveis tornam a relação mais equilibrada.

5. Garantias, performance e SLA

Quando o contrato envolve prestação de serviços — principalmente tecnologia —, é essencial verificar o SLA (Service Level Agreement).

Ele define:

  • prazos de resposta;
  • prazos para solução de problemas;
  • disponibilidade mínima;
  • penalidades por falhas.

Um SLA claro evita frustrações, cobranças fora de contexto e desgastes durante a execução.

6. Propriedade intelectual e direitos sobre o que for criado

Se o contrato envolve criação — software, arte, texto, design, consultoria, marca — você precisa ter certeza de quem será o dono final daquilo.

A regra geral é: se não houver cláusula de cessão, a propriedade é de quem criou.

Isso significa que:

  • desenvolvedores podem alegar ser donos do código;
  • designers mantêm os direitos de imagem;
  • consultorias podem querer restringir o uso das entregas.

Para evitar isso, inclua cláusulas claras de cessão de direitos e permissão de uso.

7. Sigilo e proteção de dados (LGPD)

Em tempos de LGPD, contratos que envolvem dados pessoais precisam conter:

  • obrigações de confidencialidade;
  • medidas mínimas de segurança;
  • responsabilidade em caso de vazamento;
  • regras de armazenamento e exclusão.

Se fornecedores ou parceiros acessam dados dos seus clientes, a responsabilidade pode recair sobre você.

Então é fundamental garantir que todos também cumpram a lei.

8. Multas e penalidades

Multas não são detalhes — elas moldam o risco da relação.

Antes de assinar, avalie:

  • o valor da multa de rescisão antecipada;
  • multas por atraso;
  • penalidades por descumprimento de obrigações.

Multas altas demais podem aprisionar a empresa no contrato, mesmo quando o serviço não está sendo bem prestado.

Negocie sempre que o valor parecer desproporcional.

9. Foro e resolução de disputas

Onde um eventual conflito será resolvido?

Qual cidade? Qual tribunal? Há possibilidade de mediação ou arbitragem?

Esse ponto parece pequeno, mas influencia custos, agilidade e até a estratégia jurídica.

Para empresas que atuam em diferentes locais, escolher o foro errado é convidar problemas.

10. O que vem “por fora” também vale

Propostas anexadas, aditivos informais e até conversas por e-mail podem influenciar a interpretação do contrato.

Por isso, se algum ponto foi acertado fora do documento, o ideal é incorporá-lo no texto final — ou, no mínimo, anexá-lo oficialmente.

O que não está por escrito se perde.

E quando o conflito chega, cada lado lembra de um jeito.

Conclusão

Revisar um contrato é um ato de proteção — da empresa, do caixa e do relacionamento comercial.

Com um olhar atento, é possível identificar riscos que passariam despercebidos e evitar desgastes futuros.

Um contrato bem revisado reduz litígios, aumenta previsibilidade e torna as relações comerciais mais saudáveis.

E quando o jurídico atua de forma estratégica, a empresa ganha confiança para crescer com segurança.

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