Checklist jurídico para startups em fase inicial

published on 18 November 2025

Startups nascem rápido — às vezes mais rápido do que a estrutura acompanha.

Entre validar o produto, captar clientes e ajustar o modelo de negócio, o jurídico costuma ficar pra depois… até o dia em que um problema explode.

A verdade é simples: a fase inicial é o momento de maior risco jurídico de uma startup, porque tudo ainda está indefinido.

Um erro pequeno aqui vira um prejuízo enorme lá na frente — especialmente quando chega o investidor ou o primeiro conflito comercial.

Este checklist traz o mínimo jurídico essencial, explicado de forma prática, para que founders consigam crescer com segurança sem travar a operação.

1. Definição societária e formalização entre sócios

Antes de qualquer código ou pitch, a startup precisa ter clareza sobre quem é dono de quê, quem faz o quê e o que acontece em caso de saída.

📌 O que deve estar definido:

  • Participação societária e lógica de distribuição (equidade por trabalho, aporte, know-how).
  • Responsabilidades específicas de cada founder.
  • Regras de saída e penalidades para abandono precoce.
  • Quem responde pelo quê em caso de dívidas ou litígios.
  • Cessão de todo IP desenvolvido para a empresa.

⚠️ O que pode dar errado se isso não existir:

  • Founder que sai e leva parte do código.
  • Discussão sobre “quem é dono da ideia”.
  • Captação travada porque o cap table está bagunçado.
  • Sócio fantasma querendo porcentagem no futuro.

💡 Onde o jurídico ajuda:

Cria acordos claros, modelos de vesting e estruturas que evitam brigas — a maior causa de morte de startups é conflito societário, não falta de cliente.

2. Contratos essenciais para começar a operar

Toda startup, mesmo em estágio inicial, precisa de três documentos básicos:

a) Contrato de prestação de serviços / SaaS / venda

Define escopo, prazo, pagamento, suporte, responsabilidade, propriedade intelectual e resolução de conflitos.

Erros comuns:

  • não prever inadimplência;
  • não limitar responsabilidade;
  • não deixar claro o que está incluído no serviço.

b) Termos de uso e política de privacidade

Obrigatórios para qualquer produto digital.

São a base para LGPD e para defesa em caso de reclamações.

c) NDA (acordo de confidencialidade)

Usado para conversas com parceiros, freelancers, fornecedores e potenciais investidores.

💡 Por que isso importa?

Processos começam por cláusulas vagas ou ausentes.

A startup perde tempo, dinheiro e credibilidade.

3. Regularização fiscal e planejamento tributário

Escolher o regime errado no início pode consumir o caixa de forma silenciosa.

📌 Pontos de atenção:

  • Simples Nacional (restrições para fintechs, marketplaces, intermediação).
  • Tributação de SaaS (ISS X ICMS).
  • Emissão de notas para clientes PJ/B2B.
  • Incidência de impostos sobre comissões, réguas e repasses.
  • Classificação correta da atividade no CNAE.

⚠️ Riscos reais:

  • pagamento dobrado de impostos;
  • desenquadramento do Simples;
  • fiscal batendo por inconsistência;
  • dificuldade na captação (due diligence fiscal costuma ser rígida).

💡 O jurídico (junto do contador) ajuda a escolher o modelo mais eficiente.

4. Adequação mínima à LGPD

A startup coleta dados desde o primeiro dia:

e-mails, telefones, métricas de uso, dados de clientes, leads de landing pages.

📌 O que precisa ter:

  • Política de privacidade objetiva e publicamente acessível.
  • Consentimento ou base legal correta.
  • Registro de onde os dados entram e para onde vão.
  • Limitação de acesso interno.
  • Nomeação de um encarregado (DPO).

⚠️ Riscos concretos:

  • bloqueio de banco de dados pela ANPD;
  • impedimento de firmar parcerias;
  • travamento em captação devido a falhas evidentes de compliance.

💡 LGPD é proporcional: não exige estrutura gigante, mas exige coerência

5. Propriedade intelectual e proteção da tecnologia

Esse é um dos pontos que mais derrubam startups durante due diligence.

📌 O que precisa estar resolvido:

  • Contratos com desenvolvedores prevendo cessão integral de código.
  • Registro da marca no INPI (evita ter que trocar nome no futuro).
  • Documentação clara da autoria do software ou do produto.
  • Controle de acesso e organização de repositórios.

⚠️ Casos reais (bem comuns):

  • empresa descobre que o nome já existia — perde branding;
  • desenvolvedor some e afirma ser dono do código;
  • investidor recusa aporte porque a PI não está clara.

6. Relação com colaboradores: CLT, PJ ou vesting?

Startups são naturalmente híbridas, mas isso gera fragilidades.

📌 O que observar:

  • PJ não pode ter rotina idêntica à CLT.
  • Freelancers e devs externos precisam de contrato + cessão de IP.
  • Estágio exige regras específicas (muitos founders ignoram isso).
  • Vesting precisa ser documentado — promessa verbal não vale.

⚠️ Riscos:

  • processos trabalhistas altos;
  • perda de código por falta de cessão;
  • irregularidades que travam investimentos.

7. Preparação para captação de investimento

Investidor sério faz due diligence — mesmo que seja mínima.

📌 Ele vai pedir:

  • cap table claro e atualizado;
  • acordo de sócios;
  • situação fiscal sem pendências graves;
  • contratos chave assinados;
  • estrutura societária coerente;
  • política de privacidade e termos de uso.

⚠️ Riscos quando a casa não está arrumada:

  • rodada cancelada;
  • valuation reduzido;
  • cláusulas pesadas impostas pelo investidor;
  • troca de nome, ajustes societários, revisão total de contratos.

💡 Startup preparada passa profissionalismo e reduz fricção.

Conclusão

Startups crescem rápido — mas o jurídico precisa crescer junto.

Sem esse checklist mínimo, a empresa avança com risco oculto, e problemas simples se tornam crises.

Com ele, a operação ganha segurança, previsibilidade e credibilidade com parceiros e investidores.

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